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domingo, 29 de abril de 2018

LEMBRANÇAS AMARGAS

MEMORIAS DE PUTAS VELHAS


LIVRO DIGITAL
CRONICAS DA NECA MACHADO
“MEMORIAS DE PUTAS VELHAS-LEMBRANÇAS AMARGAS”

(... NEM PRA PUTA TÚ PRESTA!)
PESQUISAS.

BIOGRAFIA

Neca Machado (Ativista Cultural, altruísta que preserva os sabores e saberes da Amazônia, através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil, é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental, Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia, fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas, premiada em 2016 com classificação na obra brasileira “Cidades em tons de Cinza”, Concurso Urbs,  classificada com publicação de um poema na obra Nacional, “Sarau Brasil”, Novos Poetas de 2016, Pesquisadora da Cultura Tucuju, Contista, Cronista, Poetisa, Coautora em 16 obras lançadas em Portugal em 2016, 2017, e uma em Genebra em 2018, em edição bilíngue português e inglês, Licenciada Plena em Pedagogia, Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira com 25 blogs na web, 21 no Brasil e 04 em Portugal, Quituteira e designer em crochê.)




          Quando ELA (   ) chegou na “currutela” do recém inaugurado garimpo lá para as bandas do Lourenço, a notícia se espalhou feito febre, era uma nova presa levada por uma cafetina que tinha vindo do nordeste, e feito fama entre as novatas a pretendentes a esposa de garimpeiro “bamburrado” diziam que dava sorte.

Contaram tanta mentira, que parecia a terceira guerra mundial.

Uns diziam que ela era um Anjo,

Outros que: Ela era um demônio vestido de Anjo,
E ainda outros correndo por fora, diziam que seriam os primeiros, e que precisariam trabalhar muito, porque a notícia era que o preço era a base de muito ouro, linda e virgem, iam fazer leilão.

Boca Rica sorria agitado.


Quando ganhou seu primeiro dinheiro com a venda de algumas gramas que achou numa bateia velha, se animou.
Prometeu que pegaria mil malárias, mas, jamais desistiria do sonho de ser um milionário.
Sem dentes, alguns ainda resistiam a muita carne dura com farinha baguda,assim que começou a ganhar mais, e a descobrir veios mais potentes de ouro, ele logo procurou alguém para mudar sua aparência, e não é que conseguiu; virou o Boca Rica, mandou botar numa dentadura, dentes de puro ouro, e gostava de rir para aparecer diziam as putas mais velhas, e tinha a preferência.
E ELA foi ficando por lá, os anos se passando, puteiros gritavam um ao lado do outro, uma mais espelunca do que o outro, camas velhas, suadas de homens sujos, cheios de inhaca forte, uns velhos da lida, outros sem nenhuma higiene, ela teve que aturar muito homem sem dente, querendo ser gentil, combafo forte, e ainda tinha os cachaceiros, cruz credo.
E as doenças?
Teve centenas, que nem sabe o nome, só sabe que tinha esquentamento.
Quando estava com baixa imunidade apareciam umas piras do lado da boca,ELA dizia que era sapinho.
Coitada (nem sabe e nem conhecia Herpes)

Foi quando num certo dia, cansada de não ter feito um pé de meia.
Começou uma briga com uma novata, por causa de um cliente que preferiu a outra, que lhe empurrou, e ELA caiu, machucou a perna e gritou todo tipo de palavrão, só não chamou de Santa a Puta nova.
Com a roupa rasgada, maltrapilha, dentes podres, o cabelo devia ter centenas de piolhos, a perna só celulite, cabelos que antes eram de seda, agora: só o resto, o peito caído, ...

A Puta Nova gritou:
NEM PRA PUTA TU PRESTA!

quarta-feira, 11 de abril de 2018

CRONICAS DA BEIRA DO RIO AMAZONAS

O BANHO DE TAMANQUARÉ (TAMAQUARÉ)



LIVRO DIGITAL

CRONICAS DA NECA MACHADO
“MEMORIAS DE PUTAS VELHAS-LEMBRANÇAS AMARGAS”


(A PUTA E O BANHO DE TAMANQUARÉ) *


BIOGRAFIA

Neca Machado (Ativista Cultural, altruísta que preserva os sabores e saberes da Amazônia, através dos Mitos e Lendas da Beira do Rio Amazonas no extremo norte do Brasil, é, Administradora Geral, Artista Plástica, Bacharel em Direito Ambiental, Especialista em Educação Profissional, Escritora de Mitos da Amazônia, fotografa com mais de 100 mil fotografias diversas, premiada em 2016 com classificação na obra brasileira “Cidades em tons de Cinza”, Concurso Urbs, classificada com publicação de um poema na obra Nacional, “Sarau Brasil”, Novos Poetas de 2016, Pesquisadora da Cultura Tucuju, Contista, Cronista, Poetisa, Coautora em 16 obras lançadas em Portugal em 2016, 2017, e uma em Genebra em 2018, em edição bilíngue português e inglês, Licenciada Plena em Pedagogia, Gastro-Foto-Jornalista, Blogueira com 25 blogs na web, 21 no Brasil e 04 em Portugal, Quituteira e designer em crochê.)




          No jirau da palafita fincada no meio da ressaca, ela se assustou com um pequeno “Calango” que atravessou entre suas pernas rapidamente feito um raio e se jogou na agua podre do lago que rodeava sua nova morada, e na cabeça, a lembrança apareceu como se ela tivesse seus dez anos de idade.
Ainda ecoava a velha cantiga da Avó indígena.



Tamanquaré, tamanquaré, faz o fulano ficar besta como tu é.”
Coloca ele na rede e dá Tamanquaré, ele vai ficar manso e lambe teu pé!

ELA deu uma gargalhada tão sonora que atravessou gerações.

          ELA veio das entranhas da mata de uma ilha distante próxima do estado do Pará, chegou ao Amapá vinda em uma pequena embarcação, veio com tanto medo que nem viu o Rio Amazonas, deitada numa velha rede, se encolheu tanto que nem viu as horas passarem.
E lá estava ela agora na flor da idade!

A vizinha “desgraçada” como ela a chamou, no início era um doce de pessoa, mas depois, mostrou suas garras, repetiu, uma Cobra que infernizou minha vida. Me fez uma proposta num dia que sem esperança, ela fitava a Lua e sonhava com seu Príncipe encantado, mas, ao longo de suas rugas, o que mais encontrou, foram Sapos, e muitos deles venenosos.
A tal Cobra fantasiou tanto que ela quase foi a Marte.

Disse que com aquela beleza de Índia, cabelos longos feito seda, pernas grossas, os seios parecem que tinham sido moldados em ninho de beija flor, ELA seria a Mulher mais desejada de um Puteiro recém-inaugurado lá para as bandas do Rio Oiapoque.

Disse que ela ia ganhar tanto franco que nunca mais ia ser pobre, que ia tirar o pé da miséria, que ia morar num prédio “pertinho do Manoel Pinto em Belém do Pará” e que ia até do pátio ver o Círio de Nazaré.

TUDO MENTIRA- UMA VERDADEIRA ESTELIONATÁRIA.

Graças a Deus já morreu.

Ainda lembra do primeiro franco que ganhou, ficou besta, nunca tinha visto o tal dinheiro.
Nas idas e vindas do tal cabaré, conheceu um DOUTOR, homem nojento, cheio de arrogância, mal-educado, que logo se engraçou com ela, assim que chegava, vinha logo apontando o dedo, como se ela fosse seu brinquedo.

E ELA nascida no meio da floresta Amazônica, conhecia suas lendas, seus mitos e suas estórias, cresceu tomando banho de Igarapé, gostava de brincar com peixinhos, amava escutar o canto dos sabiás, muitas vezes se vestiu de flores de mato, gostava do perfume de patchuli, amava as frutas da terra, e gostava de pimenta, ela era do meio da Terra e conhecia seus segredos.

Um dia de São João, ela resolveu se vingar.
Ele chegou cedo, com a mesma arrogância de sempre, não era doce, mas gostava dela, tomava sempre um banho antes do ato sexual. E ELA naquela noite santa, encantada como incorporada por uma entidade sobrenatural, com a voz mansa feito cobra a dar o bote, falou baixinho no ouvido dele: “Doutor hoje é dia de São João, venha tomar um banho de ervas, elas servem para tirar a “inhaca”, o mal olhado, trazem fortuna.

E ELE: Besta caiu na conversa dela.

E ela com uma cuia nova, começou seu ritual.
Ele foi se amansando aos poucos, se aquietou, foi ficando PATETA, ABESTALHADO;
Tudo efeito de um BANHO DE TAMANQUARÉ.



TEM TAMBÉM TAMANQUARÉ EM PLANTA

PS
*TAMANQUARÉ tem em pó vendido nas casas de produtos para banhos, e tem também em ervas, a erva do Tamanquaré, que para muitas benzedeiras tem o mesmo efeito, amansar gente braba. ”